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História de sentimentos a brincar às escondidas

(vídeo de 9 minutos)

Em espanhol

Em francês

Em italiano

Para além de estar no youtube, uma vez que colocam lá publicidade e não podemos evitá-la, coloquei-o neste outro sítio, sem publicidade e onde também o podem descarregar (clicando no ícone ao lado da roda dentada).

O narrador é o autor do livro "Beber água do mar". Não encontrámos provas de que a história seja de um autor famoso.

Texto

Era uma vez todos os sentimentos e qualidades dos homens reunidos num só lugar na Terra.

Quando o tédio bocejou pela terceira vez, a loucura, como sempre tão louca, propôs-se-lhes:

Vamos brincar às escondidas?

A intriga levantou uma sobrancelha intrigada e a curiosidade, sem se conseguir conter, perguntou:

Esconde-esconde? e como é que isso é possível?

É um jogo, uma loucura explicada, em que eu tapo a cara e começo a contar de um a um milhão enquanto tu te escondes e, quando acabar de contar, começo a procurar-te. O primeiro que encontrar toma o meu lugar para continuar o jogo.

O entusiasmo dançou secundado pela euforia. A alegria deu tantos saltos que acabou por convencer a dúvida, e até a apatia, que nunca se importou com nada.

mas nem todos queriam participar.

A verdade preferia não se esconder (para quê, se no fim sempre a encontravam?), e a arrogância achava que era um jogo muito tolo (no fundo o que a incomodava era que a ideia não tinha sido dele), e a cobardia preferia não correr riscos...

um, dois, três... - a loucura começou a contar.

A primeira a esconder-se foi a preguiça, que, como sempre, se deixou cair atrás da primeira pedra do caminho. A subiu ao céu, e a inveja escondeu-se atrás da sombra do triunfo que, com o seu próprio esforço, tinha conseguido subir ao cimo da árvore mais alta.

A generosidade mal se podia esconder; cada lugar que encontrava parecia maravilhoso para um dos seus amigos: um lago cristalino, ideal para a beleza; o fundo de uma árvore, perfeito para a intimidade; o voo de uma borboleta, o melhor para a voluptuosidade; uma rajada de vento, magnífica para a liberdade.

Por isso, acabou por se esconder num raio de sol.

O egoísmo, pelo contrário, encontrou desde o início um lugar muito bom, arejado, cómodo... mas só para si. A mentira escondeu-se no fundo dos oceanos (mentira, na verdade escondeu-se atrás do arco-íris), e a paixão e o desejo no centro dos vulcões.

O esquecimento... ? esqueci-me onde se escondeu! ....

quando a loucura contava 999.999, o amor ainda não tinha encontrado um lugar para se esconder, porque tudo estava ocupado, até que avistou uma roseira e, comovido, decidiu esconder-se entre as suas flores.

"Um milhão!", disse o louco e começou a procurar.

a primeira a aparecer foi a preguiçaapenas três passos da pedra.
depois ouviua fécantando para Deus no céu.
Ea paixão e o desejoele sentiu na vibração dos vulcões.
num descuido encontroua inveja e, claro, pôde deduzir onde estavao triunfo.
procuraro egoísmoa voar do seu esconderijo, que se revelou ser um ninho de vespas.
De tanto andar, sentiu sede e, ao aproximar-se do lago, descobriua beleza.
E com adúvida era ainda mais fácil, pois encontrava-se sentada numa cerca, ainda sem decidir de que lado se esconder.

Foi assim que ela encontrou toda a gente:

Mas o amor não estava em lado nenhum.

A loucura procurou atrás de cada árvore, debaixo de cada riacho do planeta, no cimo das montanhas e, quando estava prestes a desistir, avistou uma roseira e rosas...

Pegou numa forquilha e começou a mexer nos cachos, quando de repente ouviu um grito de dor. os espinhos tinham ferido o amor nos olhos.

A loucura não sabia o que fazer para se desculpar; chorou, implorou, suplicou e até prometeu ser a sua guia.

desde então, desde o primeiro jogo de esconde-esconde na Terra,

o amor é cego

e a loucura acompanha-o sempre.

Comentários

A loucura acompanha o amor mas não o guia.
O amor desenha-se maior (importante) do que a loucura.
Se o nosso amor não tem nada de loucura, talvez não seja um amor verdadeiro.
O amor parece indicar com a sua mão esquerda o caminho a seguir. É visto, apesar da sua cegueira, com um andar confiante.
O amor caminha alegremente. Se amarmos com dor, ... não faremos tão bem, nem nos aproveita, ... (demos esmola, mas com alegria).
O amor é cego, mas não é surdo aos bons conselhos. Como é cego, não pode ser deslumbrado e, portanto, facilmente enganado.
O egoísmo também nos cega e torna-nos surdos aos bons conselhos.
É curioso que muitos sábios (chineses) das histórias sejam velhos e cegos!
O amor é um sentimento que vem davontadeisso na língua espanhola é equivalente a dizer "quero-te" a dizer "amo-te".
Quando estamos com outra pessoa, para além de vermos como ela é em termos materiais (alta, baixa, loira, morena,...) temos de olhar sobretudo para oque não podemos ver: o que ela tem na cabeça e no coração, o que a move, como pensa,... Ou quando olhamos para um carro. Se virmos apenas a forma exterior, sabemos pouco sobre ele. Se soubermos qual é o seu motor, saberemos o que podemos esperar dele: a velocidade a que anda, a quantidade de gasolina que consome, etc.



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